Na última semana, as cotações do arroz em casca começaram a consolidar o crescimento. Após quedas nos meses de maio e junho, o valor ultrapassou a barreira dos R$ 34,00 a saca de 50 quilos conforme os índices do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Cepea/Esalq/USP). Na última sexta-feira, dia 14 de agosto, chegou a R$ 34,42 a saca de 50 quilos.
Segundo o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles, o que vinha sendo planejado pela entidade desde maio como forma de reação dos preços está se consolidando agora. A informação é que há uma consistência na retração das vendas dos produtores em um momento de grande demanda pelo grão. "O grande estoque da enxurrada de vendas em maio foi consumido pelas indústrias e agora elas precisam ir às compras e isso vai contribuir para a sustentação das cotações", observa.
Outro fator atribuído pelo dirigente é a negociação dos alongamentos de custeios que foram trabalhados pelas entidades do setor, especialmente com o Banco do Brasil, que financia cerca de 60% da safra gaúcha do arroz. Com a medida, os produtores tiveram mais tempo de esperar a melhora nas cotações do grão sem precisar negociar com pressa para pagar os vencimentos. "Acreditamos que o mercado está em evolução e a perspectiva é continuar neste ritmo de crescimento. Nos últimos trinta dias as indústrias de fora do Rio Grande do Sul passaram a ter mais atividades no mercado", reforça.
Dornelles lembra também que as exportações vão contribuir para este cenário de alta. Já há uma percepção de aumento na movimentação nos carregamentos de arroz no Porto de Rio Grande para exportação, que deverão ser creditados nos números que serão divulgados sobre mês de agosto. "Em maio tínhamos cotações a R$ 33 reais para exportação do arroz em casca. Hoje temos ofertas de R$ 36 com a participação de cidades da Fronteira Oeste nas exportações por meio de cooperativas. Acreditamos que a exportação agora terá um efeito importante nas cotações", ressalta.
O presidente da Federarroz salienta que o destravamento dos embarques pelo Porto de Rio Grande foi um dos compromissos firmados no início da gestão da atual diretoria da entidade. A meta vem sendo cumprida, especialmente com o apoio dos terminais privados, como o Termasa/Tergrasa, da CCGL, que, de acordo com Dornelles, vem desempenhando um papel importante no embarque do arroz. "Hoje vivemos outra situação para escoar o arroz, pois há a percepção de que a exportação do grão não é um movimento esporádico, mas sim algo consolidado e que os produtores dependem desta movimentação para alavancar os preços", complementa o dirigente.