As alternativas de produção e comercialização da cultura do trigo propostas pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS) foi apresentada para o público presente no Fórum da Cultura do Trigo, durante a tarde desta quarta-feira, 9 de março, na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS). O projeto já apresentado para as cooperativas associadas e ao Ministério da Agricultura foi explanado pelo presidente Paulo Pires aos presentes no evento.
Em sua participação, o dirigente ressaltou a importância da cultura do trigo para os produtores gaúchos. No entanto, as dificuldades de preço, clima e crédito vem afetando a rentabilidade do produtor. Pires lembrou que desde 2005 há um cenário onde o custo da lavoura é maior do que o preço médio pago ao produtor. Enfatizou também a competição com o Paraná, que tem vantagens tributárias e logísticas em relação ao Rio Grande do Sul. "Por mais competência que o agricultor gaúcho tenha, temos uma desvantagem tributária e logística em relação ao Paraná. Temos que produzir um trigo parecido, mas já saímos atrás por causa destes fatores", avaliou.
O dirigente da FecoAgro/RS também afirmou que é importante a manutenção de área de trigo no Estado. Na última safra, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a redução foi de 24%, passando para 861 hectares ocupados com a cultura. Além da questão agronômica, uma das preocupações de Pires é a dependência da cultura da soja para a manutenção de renda na propriedade. "Achamos de primordial importância que o trigo tenha uma boa área no Rio Grande do Sul, pois está diminuindo a margem para que apenas a soja carregue a renda do produtor gaúcho", observou.
Pires ressaltou que o produtor se acostumou a plantar trigo pão usando toda a tecnologia para atender a demanda dos moinhos, mas não há a compensação financeira, especialmente em períodos de variação do clima. Para isso é preciso do apoio das entidades de pesquisa para o desenvolvimento de variedades que possam atender as mais diversas alternativas de mercado. "Não podemos mais perder área, precisamos trabalhar com o apoio das entidades de pesquisa para aumentar produtividade. O produtor precisa do trigo, mas do jeito que está não tem como continuar", alertou.
Finalizando, o presidente da FecoAgro/RS defendeu a diversificação e regionalização da produção e buscar mercados alternativos, tanto interno quanto externo, como forma de reduzir custos de produção. "Não significa retrocesso, hoje qualquer empresa pode fazer isso. Podemos por meio de práticas culturais ter produtividades maiores com mais proteína. E quem optar por já ter bons resultados com o trigo pão, vai ser beneficiado pelo enxugamento da oferta", reforçou.
O encontro foi promovido pela Câmara Setorial do Trigo da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul.