O Sindicato dos Médicos Veterinários no Estado do Rio Grande do Sul (Simvet/RS) emitiu nota técnica acerca do registro feito pelo do Ministério da Educação do curso de bacharelado em Medicina Veterinária ministrado à distância pelo Centro Universitário Facvest, de Santa Catarina. O comunicado informa que a Medicina Veterinária no Brasil foi profundamente afetada com a notícia. As mídias sociais divulgaram o repúdio de entidades, profissionais e estudantes, até que na última sexta-feira foi veiculado um comunicado do centro universitário que criou o curso, desmentindo, entregando ao Ministério a responsabilidade pelo engano e afirmando ser o curso presencial.
O Simvet/RS já interpelou o Ministério da Educação sobre o tema e ainda aguarda resposta. A nota afirma que a medicina veterinária possui diretrizes curriculares desde 2003, onde, além dos conteúdos técnicos referentes a produção animal e de alimentos, saúde animal e proteção do meio ambiente, deve propiciar aos estudantes o desenvolvimento de habilidades de atenção à saúde, tomada de decisões, comunicação, liderança, administração e gerenciamento e estímulo a educação permanente.
Além disso, lembra que os cursos de medicina veterinária devem assegurar a formação nas áreas específicas da profissão, quais sejam sanidade e produção animal, saúde pública, biotecnologia e preservação ambiental, garantindo as competências técnicas relativas a ética, interpretação de sinais clínicos e exames, identificar fatores causadores das doenças e realizar sua prevenção e controle, diagnosticar, realizar diagnósticos individuais e populacionais, se responsabilizar pela inspeção sanitária de produtos de origem animal, elaborar produtos biológicos como vacinas, dentro de um elenco de pelo menos dezessete competências estabelecidas legalmente.
O comunicado do Simvet/RS segue ressaltando que nestas diretrizes também está previsto que o curso de medicina veterinária deve criar mecanismos de aproveitamento dos conhecimentos através de práticas e estudos e estas práticas diversas são programas de iniciação científica e extensão universitária, monitorias e estágios e estudos complementares e cursos. Estes podem ser feitos a distância, o que quer dizer que podem ser realizados autonomamente. No caso da medicina veterinária, que tem essa vocação prática, é natural que a maioria destas atividades sejam supervisionadas presencialmente.
O sindicato reforça também que existe uma resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária que regulamenta as áreas da medicina veterinária, que devem ser oferecidas exclusivamente na forma presencial conforme redação: “As disciplinas ou unidades curriculares vinculadas ao exercício profissional da Medicina Veterinária e seus conteúdos teórico-práticos, com ênfase nas áreas de Saúde Animal, Clínica e Cirurgia Veterinárias, Medicina Veterinária Preventiva, Saúde Pública, Zootecnia, Produção Animal e Inspeção e Tecnologia de Produtos de Origem Animal, devem ser ministradas nos cursos de graduação de medicina veterinária exclusivamente sob a modalidade presencial”.
Por fim, o comunicado do Simvet/RS repudia a formação incompleta dos graduandos em medicina veterinária, em qualquer modalidade. A formação em EAD é incapaz de oportunizar aos alunos a experiência suficiente e adequada para que eles se tornem profissionais criteriosos e éticos. Por isso, dentro do seu escopo e atribuições, se posiciona contra a criação deste ou de qualquer outro curso de graduação nesta modalidade.