A Brusone é, há 40 anos, a principal doença que ataca a lavoura orizícola. O problema foi tema de painel apresentado nessa quinta-feira, dia 16 de fevereiro, pelo pesquisador do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Claudio Ogoshi, na Abertura da Colheita do Arroz, realizada na Estação Experimental do Arroz, em Cachoeirinha (RS). O técnico debateu sobre os problemas da doença, o papel das cultivares, as soluções sugeridas pelo Irga e a origem da resistência à praga.
Ogoshi destacou que a brusone traz consequências como a perda de produtividade e o aumento do custo de produção por intermédio da aplicação de fungicidas. Nesse contexto, é importante citar, ainda, as poucas opções de produtos químicos eficientes e a consequente resistência oferecida pelos mesmos. De acordo com o pesquisador, na safra 2015/2016, das 10 cultivares mais plantadas no Rio Grande do Sul, 60% delas são suscetíveis à brusone. “Se diminui as cultivares do Irga, aumenta a incidência da doença. Nosso papel, como instituição pública, é proporcionar cultivares resistentes”, afirma.
O técnico destaca a importância da cultivar IRGA 424, mas ressalta que a principal dificuldade é lançar uma que se mantenha resistente ao longo do tempo. “Se a gente não conhece os genes de resistência, dificulta”, explica. Participaram também do painel Fernando Correa, doutor em Fitopatologia e líder do Programa de Arroz do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) na Colômbia, Marcelo Gravina, doutor em Fitopatologia e professor titular da Universidade federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e José Mathias Bins Martins, produtor em Mostardas (RS).
O Irga, juntamente com a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), estão alertando os produtores para que trabalhem no sentido de manter o status de produtos livres de agroquímicos e que façam a criteriosa escolha e avaliação da necessidade de aplicação e a quantidade de fungicidas no arroz especialmente no que diz respeito à incidência da Brusone. Em relação ao fungicida, especialmente com o princípio ativo Triciclazol, as entidades advertem os arrozeiros para que tenham atenção em respeito à carência de aplicação, que é de 30 dias antes da colheita, na medida que a União Europeia está reduzindo os limites máximos para este produto. No ano passado, programas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Agricultura atestaram a qualidade e sanidade do grão produzido no Rio Grande do Sul.