A seleção de resistência da raça Crioula funciona, resumindo de forma simples e direta, separando aqueles que têm daqueles que não a têm. Apartando quem resiste de quem não resiste. Quem chega de quem fica pelo caminho. E essa triagem se dá através de um rígido exame, uma prova única, que põe em teste aqueles que tem a coragem de encará-la. Para quem não conhece, a proposta é a seguinte: percorrer, durante 15 dias, o equivalente à distância entre Porto Alegre e Curitiba, no menor tempo possível. Durante todo o trajeto não é permitido o uso de nenhum recurso suplementar e, para fechar a lista de exigências, é necessário também portar exatos 95 quilos sobre a garupa. Não é a toa que muitos consideram a Marcha de Resistência como uma das provas equestres mais rigorosas do mundo, e também a que talvez nenhuma outra raça equina seria capaz de cumprir. Além da resistência física, ela também avalia a rusticidade e a capacidade de recuperação dos animais. Por esses e outros motivos, a Marcha carrega em si a distinção de ser a única ferramenta capaz de garantir a preservação da pureza da seleção tradicional, com simplicidade, objetividade e eficiência. Afinal, é uma seleção feita, unicamente, por homens montados a cavalo. Além disso, a prova é também um teste duro para os nervos e para o coração. É emocionante, apaixonante, desafiadora, capaz de elevar todos os sentidos ao limite. Realmente, como diz o slogan desse ano, para concluir uma Marcha é preciso Alma, Pata e Coragem. E assim foi. Uma prova de muita fibra, resistência e companheirismo. A décima sexta edição da Marcha da Integração realizada entre os dias 1º e 15 de julho, em Alegrete (RS), exigiu extrema dedicação e empenho, levando os competidores ao limite. A seletiva implicou um rígido teste à resistência dos conjuntos, e encerrou com a vitória da representante uruguaia na seletiva, Caprichosa Del Metejon. Em disputa muito acirrada nas etapas livres, a Marcha presenteou o público presente com um verdadeiro espetáculo de seleção de resistência e recuperação. Os animais superaram, além da rigidez natural da prova, adversidades como o clima atípico para o período, com registro de temperaturas na casa dos 30 graus durante a última semana, e o piso duro das estradas no entorno do parque Lauro Dornelles. Destacando-se, principalmente nas etapas livres, Caprichosa Del Metejon Marinera Iguazu e Antonia Caraguatás protagonizaram uma disputa intensa, mantendo-se muito próximas, com uma diferença de aproximadamente cinco minutos entre si. Essa diferença manteve-se até o final, com as éguas chegando praticamente juntas à linha final. A Marcha de Integração de Alegrete foi organizada pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) com o apoio do Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos de Alegrete (NCCCA). Confira o resultado 1º Lugar Geral Caprichosa Del Metejon Cabanha El Metejon Cerro Largo, Uruguai 2º Lugar Geral Marinera Iguazu Cabanhas Paulista e Don Diló Itu/SP e Rio de Janeiro/RJ 3º Lugar Geral Antônia Caraguatas Cabanha Paulista Itu/SP
Foto: Everton Souza Marita/ABCCC/Divulgação Texto: Douglas Saraiva/ABCCC