As tendências do setor agropecuário no Brasil e no mundo foram apresentadas na noite desta quarta-feira, 30 de maio, durante a 11ª edição da Semana Arrozeira, organizada pela Associação dos Arrozeiros de Alegrete, que ocorre no CTG Aconchego dos Caranchos, no município da Fronteira Oeste. O consultor de mercado Vlamir Brandalizze falou sobre os cenários de evolução do agronegócio em diversas escalas.
O especialista mostrou logo no início exemplos pelo mundo de inovação. Nos países árabes, por exemplo, já existem trabalhos em meio ao deserto de produção de leite de camelos. Já na Austrália, máquinas conseguem colher maçã e uva com a mesma precisão do olhar humano. E no Brasil, não vem sendo diferente. “Já temos tratores sem cabine de tratorista sendo testados, e em dez anos isto será comum”, analisou.
Brandalizze lembrou que, o milho safrinha, por exemplo, teve dificuldades no início da produção no Centro Oeste do Brasil. Entretanto, a pesquisa e a tecnologia auxiliaram a encurtar o ciclo das sementes. Hoje, conforme o especialista, a segunda safra de milho já é maior do que a primeira e traz resultados aos produtores.
Em relação ao arroz, o consultor salienta que o Brasil tem potencial de ser o maior exportador do grão no mundo, basta corrigir questões legais para alcançar este posto. “Se o Brasil tivesse uma legislação ambiental como em outros países, seria o maior exportador mundial de arroz, pois temos o preço mais barato do mundo mas temos impostos e taxas desleais”, observou.
Sobre o mercado mundial do grão, Brandalizze afirmou que concorrentes, como a Tailândia, vem enfrentando problemas de interferência do governo e de clima. Hoje o principal exportador do mundo passou a ser a Índia, com 13 milhões de toneladas, mas o que o país exporta e come é mais do que produz. “Os grandes exportadores estão com seus estoques caindo e começaram a perder espaço. São países que estão perdendo área”, salientou.
Brandalizze informou que nos quatro primeiros meses do ano, as exportações chegaram a 614,3 mil toneladas embarcadas, mas para destinos que não podem servir de referência para um trabalho contínuo. “Venezuela, Cuba e Senegal, são compradores instáveis. Se tivéssemos a China comprando 100 mil toneladas por mês, o arroz com certeza já estaria acima de R$ 40,00 a saca”, explicou, acrescentando que outro mercado atraente é o do Oriente Médio.
O consultor ressaltou que a grande saída do arroz gaúcho é fazer como o milho, que era voltado apenas ao mercado interno. “O produtor de arroz precisa pensar no futuro e esquecer governo, pensando nas exportações. Hoje o Brasil é o segundo maior exportador de milho, e o arroz tem esta oportunidade e potencial”, pontuou.
A programação da 11ª Semana Arrozeira continua nesta quinta-feira, dia 31 de maio, com a palestra sobre o Projeto 10 e uma nova etapa para o aumento da sustentabilidade da lavoura arrozeira, com Luciano Carmona, consultor do Fundo Latino- Americano de Arroz Irrigado (Flar) no Brasil, além da entrega do Selo Ambiental do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
Foto: Flávio Burin/Divulgação