A principal praga da pecuária de corte gaúcha, restrita aos países do terceiro mundo, foi tema de palestra na manhã desta quarta-feira, 29 de agosto, promovida pelo Sindicato dos Médicos Veterinários do Estado do Rio Grande do Sul (Simvet/RS), na Expointer 2018. O painel “Programas de combate ao carrapato” detalhou, no Parque Assis Brasil, em Esteio (RS), os avanços do trabalho de resistência dos fazendeiros para controlar a infestação, que causa perdas bilionárias, no rebanho bovino. Para o presidente do Conselho Técnico da Conexão Delta G, Bernardo Potter, o carrapato é um problema de ordem pública. “O parasita traz muitos prejuízos para o Rio Grande do Sul, em especial, porque nós temos as raças europeias que são extremamente suscetíveis a ele e, consequentemente, a principal doença transmitida pela praga que é a tristeza parasitária bovina”, alerta. De acordo com o palestrante do painel, as perdas diretas e indiretas são robustas para os fazendeiros, a indústria e os consumidores. “Com o aumento das lavouras na Metade Sul do Estado, por exemplo, onde está concentrada a pecuária de corte, diversas áreas ficam sem carrapato. Quando elas são retomadas para a atividade a praga infesta essas áreas causando muitos prejuízos. Entre eles, mortes e perda de peso nos animais e a tristeza parasitária bovina. O couro do Rio Grande do Sul também fica com valor mais baixo em função de ser picotado por causa da exposição ao carrapato. Já a carne com resíduos químicos para controlar a praga não alcança muitos mercados internacionais, como Japão e Coréia do Sul. Países que remuneram muito”, explica. Por conta disso, Potter defende a seleção genômica para a resistência dos bovinos à infestação dos carrapatos como uma solução para o problema. “Podemos conseguir isso sem o uso de químicos e inseticidas, somente selecionando genética mais resistente. Já temos identificadas linhagens, tanto de Hereford e Braford, com essa característica. Esse é o caminho”, afirma.
Outro painelista do evento, o mestre em produção animal, Octaviano Pereira Neto, afirma que o carrapato é um inimigo silencioso que exige entendimento para ser combatido. “O carrapato não é nativo do Brasil, foi trazido pela colonização espanhola. Cada fêmea coloca 1,5 a 3 mil ovos e mais de 80% eclodirão se o clima for favorável. Essas larvas duram muito tempo, possuem em torno de seis meses para procurarem um hospedeiro. Isso vem acontecendo há décadas, milênios”, finaliza.
Fotos: Fernando Spolavori/Divulgação