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Arroz vai de vilão a aliado na dieta dos brasileiros segundo especialista

Foto do escritor: AgroEffectiveAgroEffective
Foto: Paulo Rossi/Divulgação
Foto: Paulo Rossi/Divulgação

O Brasil figura entre os dez países do mundo que mais consomem arroz e sua população tem um consumo per capita de 42 quilos ao ano. Mas estar à mesa de famílias de norte à sul do país não isentou o alimento de figurar como um vilão das dietas de perda de peso, mas essa reputação nem sempre é justa. Tudo depende do contexto da dieta e das necessidades individuais. Foi o que explicou o educador físico Marcio Atalla na palestra “O arroz como aliado à saúde”, que integrou o último dia de programação da Abertura Oficial da Colheita de Arroz e Grãos em Terras Baixas, realizado de 18 a 20 de fevereiro, na Estação Experimental da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão (RS).


Convidado pela Basf, patrocinadora do evento, Atalla explicou as vantagens do alimento e bem como os fatores que ajudaram a construir mitos absurdos em torno do consumo de arroz. “Hoje, com a internet, todo mundo emite sua opinião, o que tem um lado bom, mas também tem um lado ruim. O ponto ruim é que muitas pessoas são influenciadoras sem ter a capacidade técnica, sem ter a responsabilidade para influenciar outras pessoas. Assim se propagam os mitos que o arroz causa diabetes, que não pode comer o grão à noite ou que se você deixá-lo na geladeira de um dia para o outro ele vai perder as calorias. Os picaretas vão inventando essas coisas para vender seus cursos, os influenciadores repetem, as pessoas vão inventando e a população vai comprando essas ideias”, argumentou Atalla.


Na avaliação do profissional, que é especialista em Nutrição, a alimentação mais tradicional da mesa dos brasileiros, baseada no arroz e feijão, é muito rica, além de barata e acessível à grande parte da população. “Aquele prato típico lá das décadas de 60 e 70, com arroz, feijão, um pouquinho de salada e uma proteína é nutricionalmente muito rico. Ele tem uma boa quantidade de proteínas, carboidratos, fibras, vitaminas e muitos minerais e pouca quantidade de gordura - ao contrário de outros tipos de alimentos, como o fast food”, explicou.


A mudança no estilo de vida dos brasileiros - que se tornou mais corrido e estressante nas últimas quatro décadas - alterou também seus hábitos alimentares. Por praticidade ou pressa, os brasileiros inseriram em seu cardápio os lanches rápidos e alimentos ultraprocessados, muito menos saudáveis. Isso levou a um aumento da obesidade da população, mas o arroz saiu como bode expiatório. “O brasileiro está desembrulhando mais e descascando de menos. Estamos pagando mais caro por um alimento nutricionalmente pior. E, nutricionalmente, vamos pagar o preço lá na frente. Quando você pega os levantamentos populacionais em relação à qualidade da alimentação, ela vem piorando, vem diminuindo a quantidade de fibra”, ponderou, salientando que “por conta da desinformação, as pessoas vão deixando de comer arroz para comprar suplemento e vitaminas na farmácia. Estão gastando mais para algo que a alimentação daria”.


Marcio lembrou de um episódio ocorrido em 2016, quando executou um projeto para tentar mudar a saúde de uma cidade inteira para um programa de TV e acabou sendo confrontado por uma mulher em um restaurante. Ao vê-lo servir o grão para acompanhamento de uma feijoada, ela mostrou decepção. “Você ficou lá no parque falando de nutrição e aqui você escolhe o arroz branco pra comer?’, disse ela. Eu perguntei qual era o problema do arroz? E ela falou: “O arroz dá barriga, o arroz engorda e as pessoas acabam morrendo pelo consumo do arroz”. Na época, um brasileiro comia em média 42 quilos de arroz por ano, tinha expectativa de vida de 74 anos, e o país contava com 27% da população obesa. Aí, eu fui pesquisar como eram essas taxas nos países que mais consomem arroz”, recordou.


Entre outros dados, Marcio apurou que a Coreia do Sul, consumia três vezes mais arroz que o brasileiro, em média, tendo taxa de obesidade de 4% e expectativa de vida 11 anos maior que a nossa. “E na Coreia, até o café da manhã tem arroz. Isso quer dizer que o arroz faz viver mais e emagrece? Não. Mas diz sobre como ele está inserido na nossa alimentação. Então, ali na Coreia do Sul o prato sempre tem um arroz, uma fonte de vegetais e uma fonte de proteína. O Brasil tinha essa cultura”, lamentou.


Isso chama a atenção para o consumo consciente dos alimentos e para o autocuidado, o que inclui a prática regular de atividades físicas para combater a obesidade - algo tradicional entre os coreanos, e uma lição que os brasileiros deveriam aprender. "É mais fácil apontar um vilão do que olhar para si e mudar seu estilo de vida”, afirmou Atalla.


A Basf, que oferece soluções para a produção de arroz, desde a semente até a colheita - lançou a campanha #ArrozPraTodoDia para promover a importância do arroz na alimentação dos brasileiros e a valorização da cadeia produtiva. A iniciativa foi elogiada pelo educador físico “Eu gostei muito dessa campanha, porque o arroz é excelente. É o coadjuvante perfeito, que vai com tudo. A gente fala muito do arroz feijão, mas você vai comer um arroz com uma lentilha, com uma carne, com um camarão. Ele sempre vai bem. É um alimento barato, que fornece energia, que tem vitaminas, que tem minerais e que faz parte dessa alimentação tradicional. Então é muito importante o papel educacional desse tipo de campanha: arroz, sim, ele pode ser consumido todos os dias, levando em consideração a quantidade e como ele está inserido e como é montado esse prato”, ensinou Atalla.


A 35ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas é uma realização da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) e correalização da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), além do Patrocínio Premium do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e apoio da Prefeitura Municipal de Capão do Leão. O evento tem como tema “Produção de Alimentos no Pampa Gaúcho - Uma Visão de Futuro”. Mais informações pelo site colheitadoarroz.com.br.

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