Com uma estrutura formada por grades, correntes e roldanas, capaz de sustentar mais de 300 quilos, e um trabalho cuidadoso de preparação, que inicia no dia anterior ao da degustação do assado, os criadores de búfalos estão chamando a atenção dos consumidores e rompendo fronteiras. Em diferentes eventos gastronômicos, a Associação Gaúcha de Criadores de Búfalos (Ascribu) tem levado, por meio de parceria com associados, carcaças inteiras que são assadas e depois porcionadas para o deleite de quem quer um bom churrasco com uma pegada de saúde e sustentabilidade.
Ao todo, a Ascribu já assou oito carcaças. A primeira, foi em julho de 2022, em Santana do Livramento, quando a entidade participou do 7º Festival Binacional de Enogastronomia e que reuniu brasileiros e argentinos. Depois disso, a imensa estrutura que assa mais de 300 quilos de búfalo de uma única vez, passou por Passo do Sobrado, Porto Alegre, São Borja, voltou a Santana do Livramento para o 8º Frontera, esteve na Expointer, em Esteio, em Gravataí e no campus da Unisinos, em São Leopoldo.
O vice-presidente da Ascribu, Raphael Gonçalves, destaca que esta foi a primeira etapa de um movimento importante para constituir uma parcela de consumidores que percebem a diferença e a qualidade da carne de búfalo. “E a carne de búfalo tem um diferencial pela sua qualidade, por ser mais saudável e, principalmente, ser uma carne sustentável. Hoje, as principais criações de búfalos são sustentáveis porque têm baixo impacto no meio ambiente, até mesmo pelo baixo uso de medicamentos. O búfalo é um animal resistente ao carrapato, diferentemente do bovino que precisa usar muito medicamento para combater este parasita. E pelo que a gente percebe, há o interesse das pessoas em ter uma alimentação saudável, saber de onde vem o que comem, qual o impacto da criação no meio ambiente”, explica o dirigente e criador.
A carcaça assada inteira chama tanto a atenção, que bufaleiros argentinos querem a participação da entidade em eventos no país vizinho. Gonçalves conta que, ao se prepararem para o Sabores da Região, em São Borja, os criadores brasileiros convidaram criadores argentinos para se integrarem ao grupo da Ascribu. “Logo após, eles participaram do evento em Livramento e tiveram a sensibilidade de perceber que este tipo de evento de valorização e divulgação da carne tem uma repercussão muito além”, relata Gonçalves. Ele conta que o grupo de argentinos já realizou dois eventos nas cidades de Ituzaingó e Caá Catí, na província de Corrientes, e convidaram a Ascribu para participar do próximo, em Posadas.
A próxima etapa na divulgação da carne de búfalo, para a associação dos criadores, será a de identificar parcerias que serão novos pontos de vendas. “Hoje, as pessoas nos procuram nos eventos gastronômicos e perguntam onde podem comprar carne de búfalo”, conta o vice-presidente da Ascribu. O objetivo, segundo Raphael Gonçalves, é ver a carne de búfalo sendo anunciada e vendida como carne de búfalo. “Alguns locais vendem búfalo como bovino”, lamenta.
Além da divulgação da carne, a Ascribu tem construído parceria com um outro segmento, o de assadores profissionais, que têm se interessado em levar a carne de búfalo para eventos. Outro segmento que tem se juntado ao movimento é o de cursos de gastronomia. “Com a Unisinos, por meio do Curso de Gastronomia, os futuros profissionais passam a considerar a carne e derivados de leite de búfalas para suas receitas”, conta Raphael Gonçalves. Ele destaca que a entidade também tem buscado uma aproximação com futuros profissionais formadores de opinião na área gastronômica.
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