As ações da polícia militar gaúcha no combate aos crimes rurais, em especial no abigeato, foi tema da edição de junho do Prosa de Pecuária, live mensal que o Instituto Desenvolve Pecuária realiza no You Tube para seus associados e público em geral. O convidado desta edição foi o Tenente Coronel Antonio Zinga, Comandante Regional de Polícia Ostensiva da Fronteira Oeste, responsável pelo policiamento ostensivo realizado pela Brigada Militar em 22 municípios gaúchos.
O oficial iniciou sua fala contando um pouco sobre sua formação na Brigada Militar e que se deparou com o primeiro caso de abigeato, em 1994, quando foi abordado por um produtor. Sem entender direito sobre o que falava, por conta das raças das cabeças de gado roubadas, o então tenente Zinga, criado na Capital, decidiu estudar sobre pecuária. “Estudei e hoje sou juiz Técnico da Associação Brasileira de Hereford e Braford”, contou Zinga, ilustrando sua evolução.
O comandante da Fronteira Oeste também citou a história da corporação, como começo do combate ao abigeato sendo feita pelos chamados “abas largas”, um pelotão designado, na década de 1950, para a área abrangida pelos municípios de Cacequi, Rosário do Sul e São Gabriel. Ao retomar a sua própria trajetória, o Ten.Cel. Zinga pontuou que em 2011, ao se preparar para o curso que o capacitaria na promoção de Major, trocou o tema do seu trabalho de conclusão do policiamento montado para o policiamento rural e quis saber como os produtores avaliavam a atuação da Brigada Militar. “Resultado, estávamos muito afastados do produtor na Fronteira Oeste. E o produtor rural queria uma estratégia modificada, algo novo. Isso me surpreendeu, porque eu esperava receber elogios”, contou Zinga.
Após isto, o policial buscou organizar a comunidade rural e o primeiro teste de sua estratégia foi em Alegrete. Antonio Zinga relata que reuniu a comunidade para conversar sobre prevenção ao abigeato. E já na cidade de Livramento, o coronel viu suas sugestões de trabalho se concretizar com a criação de fóruns de discussão sobre o tema. “Começamos a ter dados claros, científicos e técnicos sobre o que roubavam, quanto e de onde”, explicou Zinga, pontuando que com estas informações foi possível criar uma mancha criminal. Ele relatou, ainda, que nestas reuniões, batia muito na tecla do registro de ocorrências. “Se furtam um celular, a pessoa sai correndo para registrar e bloquear o telefone, mas no campo, não é assim”, desabafou. Também citou a importância de criar uma relação de confiança com o produtor rural, pois assim o policial tem acesso a mais informações. “Só vamos receber dados se o produtor rural confiar no nosso trabalho”, concluiu.
Além da experiência adquirida nas cidades onde exerceu o comando de unidades policiais, o Ten. Cel. Zinga também conheceu as realidades de outras regiões e estados. Contou que em Goiás, pelo agro ser responsável por quase 70% do PIB, o investimento em segurança foi muito alto, com tecnologia embarcada nas viaturas e georreferenciamento das propriedades. Semelhante a esta, segundo ele, é a realidade do Distrito Federal.
Já ao final de sua palestra, o oficial contou sobre a visita que fez a uma propriedade e narrou a imagem de um peão, num fundo de campo, isolado e que isso o marcou. “Eu disse que não ia combater um crime. Eu ia defender uma causa, daquela pessoa que está ali produzindo carne. Tenho muito respeito e muita consideração por cada animal que vocês preparam”, confessou Zinga.
O vice-presidente do Instituto Desenvolve Pecuária, Paulo Ebbesen, saudou a participação do Ten. Cel. Antonio Zinga, se dizendo surpreso ao ver um profissional capacitado e entusiasmado. Também relatou a necessidade de pressionar as autoridades para aumentarem os investimentos na corporação com foco no combate aos crimes rurais. Ebbesen aproveitou para reforçar a fala do comandante quanto ao registro de ocorrências. “Seja o furto de uma ovelha, de uma galinha, precisamos municiar a Brigada Militar”, disse o dirigente.
Ainda durante a 25ª edição do Prosa de Pecuária, a presidente da Comissão de Crimes Rurais, Antonia Scalzilli, apresentou dados do último relatório da Operação Agro-Hórus, ação integrada que reforça o policiamento de fronteiras no estado. Segundo ela,os dados são de março e apontam que em 30 dias de operação foram realizadas mais de 5.900 visitas/fiscalizações em 137 municípios. “Praticamente 191 visitas ou fiscalizações por dia, em ações de polícia preventiva”, garantiu. A Agro-Hórus completa um ano de atividade no dia 1º de julho.
Comments