
Mercado chinês e projeções sobre negociações de soja e milho marcaram a 35ª edição do Fórum da Soja, que fez parte da programação da 25ª Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS). O evento foi organizado pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS) e Cotrijal com patrocínio de CCGL e Sistema Ocergs Sescoop.
Na abertura, o presidente da FecoAgro/RS, Paulo Pires, ressaltou que a Expodireto cumpre um papel fundamental de difundir tecnologia, inovação e cooperativismo, mas abre espaço também para discutir “os temas da vez”. Neste sentido, Pires referiu debates como a conservação do solo com investimento, além de irrigação. “A questão das mudanças climáticas acentua as dificuldades da distribuição da chuva e altas temperaturas. Nós precisamos de uma política pública que seja, digamos, favorável ao Rio Grande do Sul. Não estamos pedindo perdão de dívidas, anistia, queremos uma política pública que nos permita passar por esse momento de desafios”, concluiu.
Na primeira palestra, o investidor e especialista em China, Ricardo Geromel, lembrou que o país asiático é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009, sendo que, nos últimos quatro anos, a China vem batendo recordes de negócios com o país. E um dos maiores responsáveis, se não o maior, sem dúvida alguma é a soja, revelou Geromel.
De acordo com o especialista, mais da metade de toda a soja brasileira exportada vai para a China. “Então você, que trabalha com o campo, o que sabe sobre a China? Acho que você deveria saber um pouco mais. Eu fico muito assustado com a completa ignorância de algo que não é discutido com mais profundidade. Nossos filhos estão estudando o quê sobre a China? A China se tornou a segunda maior economia do planeta, portanto é fundamental conhecermos um pouco mais do nosso maior comprador de soja”, provocou.

Na segunda palestra, o sócio-diretor da Agroconsult, André Debastiani, apresentou cenários para os mercados de soja e milho na safra 2024/2025. De acordo com o especialista, basicamente o ano é de desafios. Debastiani lembrou que, por um lado, existe um cenário ainda bastante ofertado em termos de produção no Brasil. “A gente vai produzir, neste ano, novamente, mais do que a gente consome no mundo. Então, isso gera uma pressão muito grande em termos de preço. Aliado a isso, temos um cenário inflacionário com custos de produção em alta, o que aperta muito a margem do produtor, e provoca um cenário de endividamento muito elevado”, ponderou.
O diretor da Agroconsult observou ainda que mesmo sendo um ano bom relativo à produção de grãos, não serão todos os estados que irão produzir bem. "Quando a gente olha para o centro-norte do país, vemos uma produção muito boa, mas olhando o Rio Grande do Sul ou o sul do Mato Grosso do Sul vemos problemas em termos de produção”, constatou. Debastiani concluiu que o Rio Grande do Sul precisa de uma política pública efetiva de ajuda nas renegociações das dívidas dos produtores e medidas estruturantes de crédito visando à próxima safra, além de mais tecnologia para alcançar as altas produtividades do que foi plantado.
Comentarios