A tecnologia cada vez mais está presente na rotina de tomada de decisões no agronegócio. O Novo Fazendeiro do Brasil foi tema de palestra na manhã desta quinta-feira, 9 de junho, durante o Mosaico do Agronegócio, com o Ecosystem Leader da SLC Agrícola, Carlos Eduardo Aranha. Segundo ele, a conectividade não é mais um grande problema, mas ainda a instabilidade da energia elétrica no campo. Cresce em grande escala a venda da produção on-line e os gestores atuais das propriedades rurais são jovens.
No evento, Aranha recordou as principais fases evolutivas da atividade agrícola. Conforme ele, até 1950 a agricultura 1.0 tinha como foco a subsistência dos produtores rurais, com baixa produtividade. Até 1990 o setor vivenciou a Revolução Verde - que foi a transformação da agricultura em escala global, a agricultura 2.0, com o ingresso de maquinários, uso de adubos, fertilizantes e defensivos agrícolas. Até 2010 o setor foi marcado pela agricultura 3.0, de precisão, coleta de dados de água, fertilidade e o surgimento dos primeiros softwares de gestão agrícola e a biotecnologia. Até 2021 a agricultura 4.0 teve início com a computação em nuvem, drones, imagens de satélite e a informação mais real para ajustar a gestão.
“Estamos passando por uma série de revoluções por adoção de novas tecnologias e essas revoluções estão cada vez mais curtas”, pontuou, destacando que o produtor precisa estar envolvido na transformação digital do seu negócio e que o setor representa no Brasil 25% do Produto Interno Bruto (PIB). “Estamos em um novo ciclo de transformação, o qual será alavancado pela rede 5G, que permitirá a utilização de equipamentos autônomos”, alertou, chamando a atenção dos participantes do evento para o advento da inteligência artificial potencializando a capacidade do trabalho humano, a robótica e a biotecnologia sintética. “O céu é o limite”, afirmou, lembrando uma das tendências para os próximos anos: a agricultura vertical, praticada em ambiente controlado de luz, umidade e temperatura. Com o natural sendo modificado para aumentar o rendimento das colheitas.
Preparar a continuidade de um trabalho de gerações na condução dos negócios no campo é outro assunto que requer a atenção do novo fazendeiro brasileiro. Por conta disso, o tema Sucessão Gestão de Pessoas foi ministrado pelo sócio-proprietário da Foco Rural Consultoria e Treinamentos, Diogo Martins. “Todo patrimônio tem herdeiros mas, mas nem todo patrimônio tem sucessores”, explicou no evento, para apontar a diferença entre um e outro e iniciar as reflexões sobre o tema. De acordo com ele, sucessor é uma escolha que precisa ser preparado e gostar da atividade em que está inserido, enquanto herdeiro é um fato. “Essas duas figuras precisam se relacionar.”
A gestão da sociedade familiar precisa ser profissionalizada. “Em torno de 80% dos problemas e dúvidas se resolvem com gestão financeira”, alertou. Segundo Martins, a prestação de contas, a definição dos direitos e responsabilidades de cada um, a forma de tomar as decisões e o planejamento da sucessão patrimonial são fundamentais para essa profissionalização de um negócio familiar no campo. “O desafio é sair de uma sociedade imposta para uma sociedade construída”, explicou, complementando que é vital definir os integrantes familiares que participam das decisões da empresa e o comprometimento de cada um. “O futuro é hoje”, frisou
O sócio-proprietário da Foco Rural Consultoria e Treinamentos explicou alguns comportamentos da geração jovem no campo, apontando que os mesmos chegam nas propriedades com a iniciativa de assumir riscos e adotar inovação. O trabalho com satisfação é outro ponto importante para eles mesmos. Martins também fez algumas recomendações, como incentivar o desenvolvimento da paixão pelo negócio até os 14 anos de idade e até os 18 anos a inserção dirigida em todas as áreas do negócio, com vivência operacional e administrativa”, finalizou.
Fotos: Eduardo Rocha/Divulgação
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