A entrada de novos sócios e os quase dez mil registros de animais em 2022 são celebrados pela Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) que se consolida cada vez mais como uma ferramenta de apoio ao produtor e de luta pela cadeia leiteira. Ao lado de outras entidades que também representam o setor, a Associação reforça o diálogo com a indústria e busca mostrar ao consumidor as dificuldades enfrentadas pelos produtores de leite.
Ao fazer um balanço do setor leiteiro neste ano, o presidente da Gadolando, Marcos Tang, salienta os problemas climáticos que prejudicaram a produção de alimentos para as vacas. “Se não conseguimos um alimento com qualidade e quantidade suficiente, não temos com o que tratar as nossas vacas e, com isso, cai a produtividade. Muitas vezes o produtor acaba comprando um alimento caro e tendo que decidir se para isto vai vender o seu gado ou fazer um empréstimo”, alerta.
Outro fator de impacto, levantado pelo dirigente, é a política dos preços do leite que registrou uma queda acentuada nos valores de forma precoce. “Sempre esperamos uma remuneração boa no início do segundo trimestre, começando a cair em setembro. Mas neste ano tivemos já sinais de queda brusca e muito alta em agosto, e a subida do preço do litro do leite pago ao produtor ocorreu somente em junho e julho, em conta gotas, e depois despencou em montanha russa. Isso nos afetou enormemente e foi a gota d'água para que que alguns criadores saíssem da atividade”, observa Tang.
A Gadolando usou as suas mídias para mostrar que mesmo quando o consumidor precisava pagar bastante pelo preço do leite, o produtor não estava enriquecendo, mas pagando as suas contas. “Nos solidarizamos quando o consumidor tem que pagar muito, mas nas promoções em que o leite fica extremamente barato, é o produtor que acaba pagando. Por isso, o leite precisa ter um preço justo, e o nosso criador de gado holandês tem que ter um mínimo de lucro para sobreviver na atividade”, explica Tang.
Para 2023, o dirigente coloca que a entidade defende previsibilidade para que o produtor tenha noção de quanto vai receber e se será possível fazer investimentos. Afirma que a importação desenfreada de leite não pode continuar. "Não podemos ter volumes de importação tão altos, derrubando os preços ao nosso produtor. Quando temos um valor de referência projetado em R$ 2,22, isto é, para a maioria dos produtores, um valor abaixo do custo médio para produzir um litro de leite. Eu lembro sempre que uma terneira que nasce hoje só vai produzir algum retorno em 24 meses. Portanto, quando não tivermos o nosso produtor e ficarmos dependentes de outros Estados ou países, será um risco até mesmo em termos de soberania nacional”, alerta.
Conforme Tang, a Gadolando quer firmar cada vez mais o seu posicionamento e o esclarecimento junto à sociedade para que os produtores possam ter na Gadolando uma ferramenta de luta. Ele lembra das exposições como Fenasul Expoleite e Expointer que ajudam na interação do produtor com o consumidor. “É importante o consumidor enxergar quem está produzindo o seu alimento e ver que é feito com amor, carinho e dedicação. E, ao mesmo tempo, o produtor entender a necessidade de produzir um produto de qualidade, porque as crianças e os adultos da cidade são seus amigos, irmãos e nada melhor que o convívio harmonioso, pois um depende do outro”, finaliza.
Foto: JM Alvarenga/Divulgação
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