Realizado em duas noites e de forma online, o VI Seminário Sala Verde Padre Amstad, um evento colaborativo entre a Cooperativa Educredi e a Apoena Socioambiental, contou com palestras sobre meio ambiente e sustentabilidade, focadas no ambiente escolar. Na primeira noite, uma das sócias da Apoena, Daiana Schwengber, relatou que a entidade realiza, anualmente, visitas a dez escolas públicas onde fazem formação de professores para atuarem dentro do projeto Sala Verde Padre Amstad.
A primeira palestra da noite foi da mestra em Biologia Animal pela Ufrgs, Tamara Almeida. A bióloga pontuou o aumento da temperatura da Terra como significante para a extinção de populações que não a toleram, influência nos oceanos e outras. “É um tema de grande preocupação. A gente não fala só de mudanças climáticas, a gente fala de emergência climática. Neste mês de julho, tivemos pelo 13º mês consecutivo a temperatura média global atingindo 1.5 graus acima da era pré-industrial. Desde o ano de 1940 até o momento atual, em todos os meses ocoŕreu esse aumento de temperatura. O que se esperava que ia acontecer somente em 2040 estamos vivendo agora, ou seja, uma emergência climática”, relatou.
Na sequência, a engenheira florestal e integrante do Instituto de Conservação Eco dos Campos, Nájila Rocha, apontou que há três linhas de educação possíveis para mitigar os danos ambientais. “A primeira linha é o caminho da aprendizagem e que é isso que a gente está fazendo aqui, a ciência cidadã, as jornadas pedagógicas com professores que estejam preocupados com isso e que levem desafios para os seus estudantes. A segunda, é a mobilização, ou seja, é social. E a terceira linha é envolvendo a comunidade para a ação, ou seja a comunidade fazendo transformação e intervenções, trabalhando junto com a Defesa Civil e se tornando apta para a prevenção de desastres’, explicou.
Na segunda noite, o encontro virtual iniciou com palestra da empreendedora e consultora Julia Caon, que também coordena no Brasil o projeto Mural do Clima. Ela disse que falar de clima é muito mais do que falar de Meio Ambiente, principalmente nos impactos e nas responsabilidades “A minha proposta para vocês como educadores climáticos é que a gente entenda esse problema dividido em três partes partes bem distintas. A primeira, de curto prazo, tem a ver com adaptação e resiliência. A segunda, de médio prazo, tem a ver com zerar emissões de carbono. A terceira, que é mais revolucionária no sentido de onde estamos hoje, é repensar um sistema para evitar que a gente seja extinto”, propôs a consultora.
Com o intuito de abordar uma visão diferente das demais palestrantes focada na saúde mental e na chamada ansiedade climática, foi chamada a psicóloga Mariana Clark. Ela apresentou o relato de uma jovem, em encontro com comunidade atingida pelas enchentes em Canoas. Foi levantada a questão de ter ou não filhos num futuro incerto, do ponto de vista climático. “Agora precisamos reaprender a viver uma vida que a gente não conhece. Mas, sobretudo, como é que fica a minha dimensão emocional e existencial?”, questionou a psicóloga. Ela explicou que para a jovem que fez a pergunta, ter um filho e o ver crescer era a essência de felicidade e a tragédia que assolou o Rio Grande do Sul a fez enlutar por um filho que nem havia tido ainda. Mariana complementou detalhando que reagimos de forma muito diferente a essas experiências de vida e o que vai mudar a forma como eu me relaciono com a ansiedade, seja ela pequena ou grande, são vários fatores, porque “a doença mental é multifatorial e inclui a forma como se opera num mundo com as bagagens que se carrega”.
O Seminário Sala Verde Padre Amstad ocorre anualmente. Esta edição foi online, por decisão dos organizadores tendo em vista as enchentes ocorridas em maio deste ano em todo o estado. Mais informações sobre a Sala Verde e as ações da Educredi em educação ambiental podem ser conferidas no site da instituição em www.educredi.com.br.
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